Maria Isabel Adami Carvalho Potenza

Maria Isabel Adami Carvalho Potenza

Vocação de Santidade

Data: 16/08/2022

Edição: 84

Conhecer a Deus e amá-lo, eis a primeira e grande vocação, a vocação comum a todos os homens, a vocação por excelência, pois que, somente a este fim, fomos tirados do silêncio do nada.

Desde o princípio, Deus nos escolheu e predestinou para o seu amor. Lendo a Sagrada Escritura, percebemos que a criação do mun­do foi, essencialmente, uma obra de amor. E a criação do homem foi a expressão coroada do infinito amor de Deus, que o fez para que tornasse parte naquela vida de felicidade, que se processava e desen­volvia no seio da Trindade Santíssima. Em tal grandeza quis Deus criar o homem, que o cria de maneira totalmente diversa das demais criaturas. Ele mesmo diz: "A Nossa Imagem e Semelhança".

Ora, imagem e semelhança significa que o homem seria, de algum modo, o reflexo, o prolongamento, a idéia realizada dAquele que o criou.

Neste primeiro estado de inocência, o homem recebia em si a própria vida de Deus Uno e Trino. Experimentava, na graça original, a própria felicidade de Deus.

Esta amizade, este particular, este estar em Deus, eis a primei­ra e fundamental vocação de todo homem, que vem a este mundo. Realizar esta vocação é simplesmente realizar a santidade.

A santidade não é privilégio de alguns predestinados. É para todos, porque predestinados fomos nós. Predestinados para o amor, predestinados para Deus. Em S. Paulo encontramos nítida a idéia da vocação cristã: “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação”.

Nosso Senhor Jesus Cristo deixou claro que a nossa primeira vocação é a procura, o desejo, a busca do reino de Deus: "Buscai pri­meiro o reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo".

Hoje em dia, há uma procura an­siosa — não dos bens eternos — mas de coisas transitórias e um tremendo esquecimento da vocação de santidade.

A ordem estabelecida por Deus é invertida pelos homens. Buscam-se em primeiro lugar: dinheiro, como­didades, festas, luxos, prazeres, honrarias. As coisas imperecíveis, que Nosso Senhor recomendou fos­sem procuradas em primeiro lugar, passam para planos secundários.

E é por isso que assistimos ao incompreensível de ouvir muitos cristãos dizerem: "Não tenho tempo de ir à Igreja”. “Não tenho tempo de rezar”.

Desviam-se, deixam o caminho aberto pelo Senhor e então todo o plano e toda ordem de vocação al­teram-se completamente. Eis os cristãos medíocres, os cristãos trai­dores do Batismo, que os semelhara ao Cristo Jesus.

Os diversos estados de vida, a que se pode tender, são meios que le­vam á realização da primeira voca­ção — a Santidade.

Estar num convento, permanecer no mundo celibatariamente ou es­tar no matrimônio, são vocações in­dividuais, dadas por Deus a cada um, conforme tendências, tempera­mentos, aptidões.

São, contudo, o caminho que le­vará o homem à perfeição, ao co­nhecimento, ao amor de Deus.

Quanto é doloroso, entretanto, ve­rificar que — quando se trata do matrimônio — nem sempre esta é a visão da gente cristã. E deve ser. E terá que ser. Só assim have­rá paz, alegria e tranqüilidade no seio das famílias.

A falta do “tônus” cristão aos na­moros, aos noivados e casamentos, é responsável pela decadência e fracasso de tantas uniões, que em pouco se transformam em desen­tendimentos, arrependimento e lá­grimas amargas.

O matrimônio é uma vocação de santidade. Desta maravilhosa san­tidade que nada é senão o amor de Deus transformando e iluminan­do nossa vida, nossos atos e nos­sas atitudes. O matrimônio é um Sacramento, Deve ser preparado com temor, prudência e realizado na graça de Deus.

Bem ensina o apóstolo. O matrimônio é para santificação, assim como Jesus Cristo se entregou também por sua Igreja para torná-la amável, pura e sem mancha, intacta e perfeita.

Aqueles que assim se guiam, acla­rados por esta visão cristã, desde a preparação até a consumação de seu matrimônio, estão sendo fiéis à primeira finalidade da própria existência, que não é o gozo mate­rial, o prazer numa vida de como­didades, ou a escolha do caminho largo, mas servir a Deus na realização cotidiana dos planos que Ele nos traçou.

Artigos escritos por Maria Isabel Adami Carvalho Potenza